meta de inflação
O CMN - Conselho Monetário Nacional - fixa periodicamente a taxa básica da meta de inflação e o intervalo de variação admitido pela estratégia governamental.
enfin: Em caso de descumprimento dessas metas, compete ao Banco Central justificar a ocorrência por escrito, descrevendo em detalhes as causas e as providências tomadas para assegurar a correção de rumos para manter a inflação dentro da meta estabelecida, e o prazo em que essa correção se dará.
A diferença entre o topo e o fundo da meta de inflação - chamada de intervalo de variação - é função de algumas variáveis fundamentais.
A volatilidade de diferentes mercados é uma delas.
Oscilações nos mercados cambiais, nos preços de commodities agrícolas e nas cotações internacionais de petróleo são fatores que determinam a amplitude desse intervalo de variação.
No caso brasileiro, a autoridade monetária pode aumentar o intervalo de variação da meta de inflação porque não expurga nenhum tipo de preço no índice de referência ( o IPCA, calculado pelo IBGE nas principais regiões metropolitanas).
Cabe ainda mencionar que uma variável fundamental da meta de inflação reside no comportamento dos preços.
Enquanto os preços livres podem ser contidos pela administração da taxa de juros, os preços administrados são de controle mais difícil, e suscetíveis a choques externos, como o repasse da variação cambial, alteração nos preços internacionais etc.
Em alguns países, é prática comum expurgar preços muito voláteis dos indicadores de inflação.
Por seu lado, a fixação de taxas de juros pelo COPOM, que ocorre em reuniões mensais, não altera de imediato o quadro geral da economia, porque os efeitos de determinado patamar de juros podem aparecer apenas depois de quatro a seis meses, dependendo do setor econômico sobre o qual o custo do dinheiro atua.
O Banco Central do Brasil opera em regime de metas de inflação desde 1999. Este regime é caracterizado por:
- Indicação ex ante de uma meta para a qual o BC deve conduzir a inflação;
- Uma função reativa do BC que indica qual será o movimento da taxa de juros, em resposta a desvios da inflação corrente em relação à sua meta;
- Instrumentos de responsabilização à autoridade monetária quando a meta é descumprida.
Em 2021 o BC ganhou autonomia operacional, e presidente e diretores têm mandatos, e não podem ser demitidos por questões políticas. Curiosamente, desde que se tornou independente, a economia brasileira foi acometida de choques estocásticos que fizeram com que a inflação não retornasse à meta.
Desde os modernos modelos dinâmicos, ancorados na hipótese das expectativas racionais, a credibilidade da política monetária, bem como sua consistência, passaram a desempenhar um papel central na determinação dos preços.Em outras palavras, elevações nos preços deixaram de ser uma função dos encaixes (moeda em circulação) e passaram a ser o resultado das expectativas dos agentes acerca das condições da economia, Daí a importância de uma meta previamente estabelecida, que na prática é uma informação dada pelo BC às empresas que fixam preços, indicando qual será a inflação em um dado horizonte temporal.
Pelo segundo ano consecutivo o BC descumpre a meta, o que pode ter efeitos danosos para este regime devido às implicações que isso causa no formato da curva de Phillips (CPh), passando a predominar o componente retrógrado – o que significa que, em contexto de inflação prolongada, as empresas passam a remarcar seus preços defensivamente, observando a inflação corrente e não mais a inflação esperada (a meta). Isso obrigará o BC a elevar a taxa de juntos muito acima da taxa neutra, contracionando a economia.
Outro problema é o ambiente fiscal permeado de incertezas que exerce influência sobre a política monetária. Riscos fiscais à parte, há a possibilidade de o BC não ser capaz de cumprir a meta, ou desta ser discricionariamente alterada para cima no futuro. Isso abalaria fortemente a credibilidade do regime que, por ser uma bússola de expectativas, depende da credibilidade para funcionar bem(condensado de texto de Benito Salomão).